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Teatro Cristão

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SANSÃO

 

PERSONAGENS:

 

Narrador (Sansão) -

Anjo -

Mãe de Sansão -

Manoá (Pai de Sansão) -

Sansão -

Irmãos de Sansão - 1 -

                                2 -

                                3 -

Homens de Judá - 1 -

                              2 -

                              3 -

                              4 -

Sogro -

Dalila -

Governadores das 5 cidades - 1 -

                                               2 -

                                               3 -

                                               4 -

                                               5 -

Chefe dos Filisteus -

Povo Filisteu -

 

Narrador : Meu tempo na terra já passou. Foi a mais de mil anos antes de Cristo. E agora de longe ensisto em dizer: Foi duro viver! Uma guerra sem fim.  Matei, apanhei, ganhei, perdi. Nem sabia bem de mim. A história da minha vida eu conto em partes, assim: Minha mãe já estava desistindo de ter filhos. Ela bem que tentava mas eles nunca vinham.  Até que um dia apareceu um anjo de Deus e deu a boa notícia.

 

Anjo: Você não podia ter filhos, por isso nunca foi mãe. Mas agora você ficará grávida e terá um filho. Não tome vinho, nem bebida forte e não coma nenhuma comida proibida, porque você ficará grávida e dará a luz a um filho. Não corte nunca o cabelo dele, pois ele será consagrado a Deus como Narizeu desde o dia de seu nascimento. Ele vai começar a livrar o povo de Israel do poder dos filisteus.

 

Narrador: Os filisteus tinham vindo de longe e queriam mandar, a ferro e a fogo, sobre todas as tribos de Israel, que eram doze. Desde o ventre de minha mãe eu estava sendo chamado para guerrear contra eles, que dominavam o meu povo. Mamãe, feliz da vida, foi correndo contar a meu pai.

 

Mãe de Sansão: Manoá, Manoá... Um homem de Deus falou comigo. Ele parecia um anjo e isso me deixou apavorada. Eu não perguntei de onde ele vinha, e ele não me disse como se chamava. Mas prometeu que eu ficarei grávida e terei um filho. E mandou que eu não bebesse vinho e nem bebida forte e não coma nenhuma comida proibida, pois o menino será dedicado a deus como Narizeu por toda a vida.

 

Narrador: Meu pai era um dos homens mais desconfiados da nossa tribo, chamada tribo de Dã. Achava que minha mãe sonhava demais. Então rezou com força.

 

Manoá: Ó Deus Eterno, peço que mandes de volta o homem que enviaste, para ele nos dizer o que devemos fazer com a criança quando nascer.

 

Narrador: O anjo apareceu outra vez. Mas de novo mostrou-se só para minha mãe. Ela estava trabalhando a terra e foi correndo avisar  meu pai. E ele voou para o campo!  O anjo ainda estava lá, sentado calmamente numa pedra. Meu pai encheu-o de perguntas.

 

Manoá: Você é o homem que falou com a minha mulher?

 

Anjo: Sim, eu mesmo.

 

Manoá: Quando acontecer o que você falou, como é que o menino deverá agir? O que deverá fazer?

 

Anjo: A sua mulher  deve fazer tudo o que eu já disse a ela. Não vai comer nada que seja feito de uvas, nem vinho, nem bebida forte, nem coma o que for proibido e nem corte o cabelo do menino. Ela deverá fazer tudo isso.

 

Manoá: Por favor, não vá embora ainda. Espere, que nós vamos cozinhar um cabrito para você.

 

Anjo: Se eu ficar, não comerei sua comida. Mas se você quiser prepará-la, então a queime como oferta ao Deus Eterno.

 

Manoá: Qual é o seu nome?  Nós precisamos saber para podermos prestar-lhe uma homenagem quando acontecer o que você disse.

 

Anjo: Por que você quer saber o meu nome? O meu nome é um mistério.

 

Narrador: A noite chegara. Meu pai, então, assou o cabrito e fez um sacrifício a Javé-Deus, ali mesmo na pedra onde o anjo estava sentado. Quando a fumaça subia ao céu, o anjo também subiu, junto com a chama mais alta que brilhava na escuridão. Papai ficou com muito medo.

 

Manoá : Nós vamos morrer porque vimos a Deus!

 

Mãe de Sansão:  Se o eterno nos quisesse matar, não teria aceitado nossas ofertas. Ele não nos teria mostrado tudo isso, nem falado todas essas coisas.

 

Narrador:  Então, depois de nove meses, minha mãe deu à luz. Ganhei esse nome: Sansão.  Cresci feliz no acampamento, vendo os meus pais trabalharem a terra. Eu ajudava nas colheitas, e aprendi a ter raiva dos filisteus, que mandavam e desmandavam no meu povo. Meus cabelos cresciam em caracóis e muita gente dizia: - Sansão, você é ainda um aprendiz, mas logo será nosso chefe, nosso juiz! E assim fui ficando adulto, Um rapaz agitado, meio da “pá virada”, virada mesmo. Não é que fui me apaixonar por uma filistéia?  Vi a moça linda, na cidadezinha de Tanna. E aprendi que o coração tem razões que a razão desconhece: Como fui gostar de uma inimiga, filha do povo que nos atrapalhava a vida? Meus pais vendo o meu jeitão estranho, distante, perceberam que alguma coisa estava acontecendo comigo. Eu abri o jogo, contei que meu coração quase saía pela boca quando vi a moça. Eles não gostaram.

 

Sansão: Eu vi em Tanna uma jovem filistéia. Estou apaixonado. Peçam essa moça para mim. Porque eu quero casar com ela.

 

Manoá: Por que é que você foi procurar mulher no meio dos filisteus?  Aquela gente que não pratica a circuncisão?

 

Mãe de Sansão: Será que você não podia achar mulher no meio de nossos parentes ou entre o nosso povo?

 

Sansão: É aquela moça que eu quero. É dela que eu gosto.

 

Narrador: A situação me confundiu, embaralhou meus pensamentos. E quando isso acontecia eu perdia  o controle. Ia sempre a Tanna, para ver minha amada. Certa vez estava perto da cidade, numa montanha  cheia de vinhedos, quando um leão surgiu na estrada. E veio rugindo em minha direção! Foi aí que eu senti a força  das minhas mãos. Despedacei o  bicho como se fosse um franguinho... “ Nada vai impedir esse amor...” pensei. Pensei e agi: Casei-me com ela. É claro que dei uma grande festa, para comemorar como era de costume. Um banquete! Antes dessa festança numa das vezes que percorria o caminho até a casa dela, saí da estrada para ver o leão morto. Na sua carcaça encontrei um enxame de abelhas! E o mel, o mais doce que já havia provado. “Da minha força também vem doçura.” No banquete a imagem do leão e do mel não saía da minha cabeça. Então, provoquei alguns convidados com uma adivinhação:

 

Sansão: Eu tenho uma adivinhação para vocês. Aposto 30 túnicas de linho puro e 30 roupas finas que antes de se passarem os sete dias da festa de casamento, vocês não me darão a resposta.

 

Filisteus (convidados): Diga então. Qual é a adivinhação, Sansão?

 

Sansão: “Do que come saiu comida e do forte saiu doçura.”

 

Narrador: Três dias depois eles ainda não tinham encontrado a reposta para a adivinhação. No quarto dia disseram a minha mulher.

 

Filisteus: Dê um jeito de fazer o seu marido dar-lhe a resposta da adivinhação. Se você não fizer isso, nós vamos por fogo na casa de seus pais, e vamos queimar você junto. Vocês só nos convidaram para poder roubar-nos, não foi?

 

Mulher: (à Sansão)  Você não me ama! Você me odeia! Você deu uma adivinhação a meus amigos e não me contou a resposta!

 

Sansão: Eu não contei nem a meu pai e nem à minha mãe. Por que acha que iria contar a você?

 

Narrador: O riso virou pranto! Ela chorava no meu ombro toda hora, dia após dia. Queria saber a resposta da charada. Uma curiosidade exagerada, esquisita. Os jovens filisteus insistiam com ela, e ela me implorava. A festa estava ficando chata. Até que no sétimo dia eu não agüentei e contei para ela.

 

Filisteus: Que coisa é mais doce que o mel? E que é mais forte que o leão?

 

Sansão: Se vocês não tivessem conversado com a minha mulher, não saberiam a resposta.

 

Narrador: Fiquei uma fera e fui até a cidade de Ascalon, também tomada pelos filisteus. Fora de mim, matei 30 homens e roubei suas roupas e dei para os que tinham acertado a resposta da charada. E voltei para Dã, para meus pais, para a  minha tribo. Perdi a cabeça e minha mulher. Um tempo depois, na época da colheita de trigo, bateu uma saudade forte e resolvi voltar a Tanna. Levei um cabrito para comemorar o reencontro com minha mulher.

 

Sansão: Quero entrar no quarto de minha mulher.

 

Sogro: Eu pensei que você a odiava, por isso a dei em casamento ao seu amigo. Mas a irmã menor é ainda mais bonita. Se você quiser pode ficar com ela.

 

Sansão: Desta vez não serei responsável pelo que eu fizer com os filisteus.

 

Narrador: Guerra é guerra. Olhei para os trigais, tão bonitos e não pensei duas vezes. Juntei trezentas raposas, amarrei tochas de fogo nos seus rabos e soltei pelas plantações dos filisteus. Foi um arraso! Destruí  os campos, os feixes de trigo já colhido, as vinhas e oliveiras. Semeei a fome entre os filisteus! Eles ficaram loucos. E, com medo da minha força, trataram de desforrar em cima do pobre sogro e da minha ex-mulher. Pagaram na mesma moeda: Atearam fogo na casa deles, e,  com isso, incendiaram ainda mais o meu coração revoltado.

 

Sansão: Desgraçados! Pois eu juro que não descansarei até que paguem por isto!

 

Narrador: Pulei sobre alguns deles, bati, apanhei, matei, mas não morri: Fugi, fiquei escondido numa gruta, na caverna da rocha de Etã. A região estava em pé de guerra. As tribos de Judá ficaram encurraladas pelos filisteus, e o culpado era eu.

 

Homens de Judá: Por que vocês nos atacaram?

 

Filisteus: Viemos aqui para prender Sansão e fazer com ele o mesmo que ele fez com a gente.

 

Homens de Judá: (à Sansão) Você não sabe que os filisteus mandam em nós? Por que você foi fazer aquilo?

 

Sansão: Eu fiz com eles o que eles fizeram comigo.

 

Homens de Judá: Os filisteus estão atrás de você. Nós vamos entregá-lo, pois se não fizermos isso eles se vingarão em todos nós.

 

Sansão: Então prometam que vocês não me matarão, e eu não permitirei que eles lhe façam mal.

 

Homens de Judá: Nós vamos somente amarrar você e entregar aos filisteus, não vamos matá-lo.

 

Narrador: E fui entregue. Mas espírito do Deus Eterno, mais uma vez entrou em mim. As cordas pareciam barbante fino, e logo livrei minhas mãos. Perto de mm estava um aqueixada de  jumento, que transformei em arma de luta. Vitorioso cantei.

 

Sansão: “ Com uma queixada de burro eu os amontoei,

                com uma queixada de burro, mil homens matei.”

 

Narrador: Fui até a cidade de Gaza, sem medo dos filisteus. E logo uma mulher me atraiu. Fui para o aconchego de seu quarto. Todo mundo viu o repouso do guerreiro... Os filisteus não iam perder essa chance!

 

Filisteus: Pela manhã o mataremos!

 

Narrador:  Mas eu não era tão desligado assim. Sabia do risco que corria. À meia-noite me levantei, e, enfurecido arranquei a porta da casa. A facilidade com que fiz isso, me fez lembrar do leão de Tanna... o bando que me cercava ao redor da casa levou um susto! Saí da cidade e fui até o alto do monte Hebron.  Dessa vez nenhum filisteu quis me enfrentar.

 

                Ah, o amor... Ele entrava dentro de mim da mesma maneira que o ódio: com muita facilidade. E não fazia diferença de pessoa, nem criava barreira, nem respeitava fronteira. Foi então que apareceu Dalila. Eu a vi pela primeira vez no vale de Soreque. Ela tinha  a beleza da terra  palestina, pele cor de cobre e cabelos muito pretos. Os olhos brilhantes como o sol da manhã. O que eu não sabia é que logo que perceberam o meu interesse por ela, os chefes filisteus a conquistaram antes. Não por amor, mas por dinheiro!

 

Governadores das cinco cidades: Arrume uma maneira de descobrir a fonte da força de Sansão, e como poderemos dominá-lo, e deixá-lo sem defesa. Se você fizer isso, cada um de nós  lhe dará doze quilos e meio de prata.

 

Narrador: Sem saber, foi com Dalila que travei a batalha mais dura de minha vida. Apaixonado e desconfiado, ouvia todo o dia a mesma pergunta, em meio a beijos e abraços.

 

Dalila: Por favor, me conte o segredo de sua grande força. Se alguém quiser amarrar-lhe e deixá-lo sem defesa, o que deve ser feito?

 

Sansão: Se me amarrar com sete cordas novas, que não secaram ainda, eu ficarei fraco e serei como qualquer outro ser humano.

 

Narrador: Dalila arrumou as cordas, e me amarrou bem firme. Mas estranho foi ela gritar logo a seguir:

 

Dalila: Sansão querido, os filisteus vão pegar você!

 

              (Sansão liberta-se num pulo)

 

Dalila: Até agora você mentiu e caçoou de mim. Por favor, meu querido, me diga como alguém pode amarrar-lhe.

 

Narrador: Mesmo um tanto cego pela paixão, eu percebia alguma coisa esquisita. E inventei outra história. Falei para ela me amarrar não com sete, mas com setenta e sete cordas novas. E minha namorada, toda animada, o fez. Eu vi a pressa dela em me amarrar e a força que ela colocava para dar os nós...

 

Sansão: Que estranho casal somos nós.

 

Narrador: Eu não sabia de seu trato com os chefes dos filisteus. Aliás eu não sabia também do pior: Ela antes de me amarrar, colocava alguns homens escondidos em nosso quarto, para que me pegassem na hora certa. E a senha era aquela:

 

Dalila: Sansão querido, os filisteus vão pegar você!

 

           (Sansão arrebenta as cordas)

 

Dalila: Declara-me Sansão, por duas vezes já o meu  amor traíste e zombaste, estou intranqüila, pois quem ama não mente! Declara-me como posso prendê-lo.

 

Sansão: Se você amarrar com um tear as minhas sete tranças e prendê-las no alto com um pino, ficarei fraco como um pássaro.

 

Dalila: Sansão querido, os filisteus vão pegar você!

 

            (Sansão solta-se novamente)

 

Dalila: Por que você diz que me ama se isso não é verdade?  Você me fez de boba três vezes e até agora não me contou o porquê é tão forte. Você não confia em mim, vive me enganando, é por isso que vou lhe deixar.

 

Sansão: Não me deixe, eu lhe peço. A navalha nunca passou sobre minha cabeça, pois sou consagrado a Deus, desde  o seio de minha mãe. Se cortarem meu cabelo, perderei minha força e certamente serei igual aos demais no físico de argila.

 

Narrador: Dalila podia ser tudo, menos boba. Sentiu que agora era verdade. E tratou de garantir o seu. Chamou o chefe dos filisteus e foi bem clara.

 

Dalila: Primeiro a minha prata! Vocês prometeram. Agora vai dar certo, eu garanto.

 

Narrador: Depois de receber o pagamento, preço da minha vida, que entreguei por paixão, começou a opressão. Ela me fez dormir em seu colo, do jeitinho que eu mais gostava, e chamou um dos guerreiros filisteus para cortar as minhas sete tranças: tremi, com o grito:

 

Dalila: Sansão querido, os filisteus vão pegar você.

 

Narrador: Só que agora é pra valer. Não consegui reagir. Nunca me senti tão fraco! Eles me agarraram, e tomados por ódio, furaram os meus olhos. Não tinha mais as tranças que me davam força e nem mais, e nem mais a luz dos meus olhos que iluminavam a vida. A dor de não ver mais o mundo nem Dalila, permanecer na escuridão de minha desobediência, na dor da traição de meu amor. Em troca de todo amor que havia lhe dado, recebi cinismo, cadeia e escuridão. Dalila foi a guerreira mais cruel que  encontrei. Foi a batalha que perdi. Fiquei prezo em Gaza por duas correntes de bronze. E trabalhando girava a pedra do moinho. Minha força , agora igual  a dos outros homens, virava pó, farinha. Mas o filisteus, orgulhosos da sua vitória, não percebia que meu cabelo, teimoso, ia crescendo de novo. Eu era uma atração, a força que virou fraqueza, o vencido que só fazia triturar milho e trigo. O cego que girava, rodava, caminhava dando voltas como um burro de carga.

 

Chefe dos filisteus: Nosso deus Dagon , entregou o nosso maior inimigo.  Deus Dagon derrotou esse que devastou nossas terras e multiplicou nossos mortos.

 

        (Neste momento o povo canta e dança)

 

Chefe dos filisteus: Chame Sansão para ele nos divertir.

 

Sansão:  Deixe-me tocar as colunas que sustentam o templo para que eu possa me encostar nelas.

 

                Senhor Eterno, lembra-te de mim. Esquece os meus tantos erros, os meus muitos crimes, e concede-me a força hércula do gigante uma última vez, para que eu me vingue dos filisteus com um só golpe e que paguem com a morte por terem zombado de ti e adorado ao  deus Dagon.

 

           (Sansão empurra as colunas do templo)

 

               Que eu morra junto com os filisteus!

 

Narrador: Isso tudo aconteceu amais de mil anos antes de Cristo. Era um tempo de guerra sem fim, ai de mim. Ai de tantos que só conheciam o caminho da força para resolver seus problemas. Contei minha vida assim, de memória, para vocês que escutam agora, possam fazer uma outra história. Onde a conversa substitua toda atitude perversa. Onde o coração seja amigo da razão, e a Dalila de Sansão...  E assim governei o povo de Israel por vinte anos.

 

 

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